1 Introdução
Parto do princípio que a saúde em seus aspectos biológicos, psicológicos e sociais é o principal valor para nossa boa sobrevivência. A saúde em sua perspectiva ampla é o que traduz a forma como convivemos. Há que se falar em fatores biológicos, mas não excluindo os outros dois. O mesmo vale para aspectos de saúde mental e fatores sociais. Como pensar em autoextermínio sem levar em consideração o ambiente social da pessoa? Sem entender como se dá as relações a ponto de uma pessoa não querer mais existir? Como entender o desenvolvimento de uma doença circulatória sem levar em consideração as relações de trabalho ou o contato constante com publicidade de alimentos superprocessados?
As relações de trabalho são importantes. Como é a saúde do trabalhador que depende de transporte público? quantas horas por semana essas pessoas têm para cuidar da própria saúde? Quantas horas tem de para descansar efetivamente? Quais os efeitos na saúde de uma sobrecarga de trabalho? De uma relação abusiva entre colegas e superiores hierárquicos? Quais as formas que as relações sociais se diferenciam por raça/cor, gênero, orientação sexual, fase da vida (criança, adolescente, adulto, idoso)? Quais as diferenças de acesso a serviços de saúde para essas pessoas da área rural?
Essas perguntas me orientam nesse trabalho que objetiva a disseminação de informação e conhecimento sobre os dados de saúde do país. Pretendo contribuir para o detalhamento dos motivos pelos quais homens morrem mais que mulheres de causas evitáveis. Explicitar as diferenças raciais que mostram que pessoas pretas morrem em média 9 anos antes de brancos por doença isquêmica do coração. Pardos, 6 anos antes. Homens, pela mesma causa, morrem 9 anos antes que mulheres.
É possível repensar a forma como nos relacionamos e rever a nossa ética, ou seja, as regras sociais que estão estabelecidas? Podemos repensar o que dizemos em contraste com o que efetivamente fazemos?